21 maio, 2006

Louco, Heu?

Estou exatamente no meio de uma crise de acesso às minhas informações. Inclusive escrever essa frase foi très difficile. Explico.

Umas duas ou três vezes por dia eu sinto fisicamente dentro da minha cabeça a minha consciência sendo arrastada para o fundo do cérebro, em direção ao cerebelo. Geralmente ela está localizada na parte frontal, logo atrás da testa. A impressão correta é a de que a consciência engatinha, ou melhor descrevendo, se movimenta com mil micro-pernas (como uma centopéia misturada com um ouriço-do-mar – cada espinho é uma perna) lá pra trás. Parece que ela se cansa e liga o standby.

A partir daí, eu tenho a visão de fundo do meu cérebro, como se eu pudesse ver tudo o que acontece de fora e tivesse um controle parco sobre isso. Não é de fora do meu corpo, é de fora do mundo. Como se houvesse um buraco entre duas dimensões e meu consciente estivesse lá do outro lado observando o que a parte que ficou está fazendo (geralmente algo mecânico). Lembra da cena do tapete de “Trainspotting”, ou da cena final de “Quero ser John Malcovich”...? Pois é.

O consciente fica brincando de Deus: sentado numa cadeira, comendo pipoca, tomando dinamita pangaláctica e vendo a Terra por uma TV 49” de plasma com um home theater (obrigado por me emprestar sua teoria e dê licença para as adaptações).

As ordens que o consciente dá ao mecânico são cumpridas, mas o caminho que a ordem percorre não é direto como um beijo (relação com outro post?). Aparentemente (já nem sei mais a definição disso), quando estou nessa situação a ordem passa por um túnel parecido com aquele construído por baixo do oceano. É uma coisa insensível, camuflada e longe do real – tanto o real do consciente quanto o real do mecânico...

Não vou negar que é interessante viver alguns minutos assim por dia (cada pulo na outra dimensão dura uns 15 minutos), mas é meio assustador. Fico sem pé (nem cabeça).

O que será que acontece se eu tentar olhar para trás quando o “Heu” estiver no outro plano?

Dente-de-leão


É peculiar como a nossa relação com o outro muda com o passar do tempo. A primeira ficada da vida é quase um parto. As mãos suando, os outros olhando, as dúvidas te tiram do sério: será que minha boca está molhada o suficiente? Vou com a boca aberta ou fechada? Será que estou com bafo? Como eu encosto nele/nela? Será que ela/ele gosta que pegue na nuca? Mas com eu faço isso?...

(Não faço a menor idéia de onde este texto está indo. Deixo a vida me levar...)

E a primeira transa? Aquela excitação, aquela vontade, o beijo encaixado, as pernas brincando de lego até... a hora! Meu deus! É agora! Travou. Os pés suam, as mão nem se fala. O tesão continua. E o medo também. Bom, não tem jeito! Então vai! Os movimentos sem sincronia, as preocupações básicas: será que eu estou machucando ela? Será que é essa posição que está doendo? É assim que ele gosta? E ela?

O tempo passa, o tempo voa e parabim, parabum! Tudo facilita. Dar um beijo fica normal. Principalmente após as transas. Tão normal que quando o joguete de conquista é malfeito, não tem nem graça. Vira só mais um beijo para a coleção. Às vezes nem rola aquele sexo... Só às vezes, né!? Sei... Em compensação um bom jogo, um beijo provocante, um calor a mais no toque. Foi bom, não foi? Mais uma?

Eis que o dia seguinte está mais azul. Aquela pessoa no colégio/trabalho/faculdade nem te incomoda mais. O professor/chefe está tão legal! É assim mesmo, legal! Como quando você ganha um pirulito. Aí até arrisca um papo com um estranho.

Leve. Como aquela pequena pena branca que cai no seu caminho no meio da rua.

12 maio, 2006

Recorrente

Somos um em sete bilhões. Desses, fomos um em ~80 milhões de espermatozóides da nossa gozada. Para chegarmos até aqui enfrentamos erros de colocação, crossover, deficiência gênica, Down, superfêmeas. Paralisia infantil, gripe, pneumonia, asma, catapora, meningite, DST. Rejeição, ódio, Édipo, incompreensão, solidão, trauma, tique, toc, compulsão.

Mas estamos aqui. Ordenados em sociedades, culturas, hábitos, desejos e proibições. Lidando com o vizinho, com o amigo e com o colega.

Em um fim-de-semana a vida acaba. E começa outra. A cada novidade, uma morte. Cada morte, uma revisão (histórica?) e uma escolha. OPS! Me perdi. Denovo...

O que foi? Uma notícia, uma ação, uma das conseqüências de uma decisão, uma bagunça de sentimentos, tudo. Não me sei mais. Onde me deixei? Vou perguntar aos amigos, eles me sabem. Mas não vai adiantar... Eles não estavam aqui, onde, inclusive, foi muito difícil (e deveras interessante) chegar. Meu micro-mundo me traiu, me iludiu, me tirou o ponto de apoio. Denovo. E denovo. E denovo.


Mudando um pouco o sentido da música:

I Miss You
(Blink 182)

Hello there
The angel from my nightmare
The shadow in the background of the morgue
The unsuspecting victim
Of darkness in the valley
We can live like Jack and Sally
If we want
Where you can always find me
And we'll have halloween on christmas
And in the night we'll wish this never ends
We'll wish this never ends

I miss you
(I miss you)

Where are you?
And I'm so sorry
I cannot sleep
I cannot dream tonight
I need somebody and always
This 6 string's darkness
Comes creeping on so haunting every time
And as I stared I counted
The webs from all the spiders
Catching things and eating their insides
Like indecision to call you
And hear your voice of treason
Will you come home
And stop this pain tonight?
Stop this pain tonight

Don't waste your time on me
You're already the voice inside my head
(I miss you)
You're already the voice inside my head
(I miss you)